quarta-feira, 27 de julho de 2011

PAULO FREIRE - HISTÓRIA DE VIDA

 Nascido em Recife, Pernambuco, Paulo Freire se destacou no seu trabalho pela área popular, em campanhas de alfabetização de modo conscientizador. É Autor de vários livros como: Educação: prática da liberdade,Pedagogia do oprimido,Pedagogia da esperança, entre outros, e hoje reconhecido mundialmente pelo seu método de ensino-aprendizagem. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia   mundial, tendo influenciado o movimento chamado  pedagogia crítica.

Segue entrevista sobre a história Vida de Paulo Freire, um vídeo interessantíssimo.

Primeira Parte:

Segunda Parte:

segunda-feira, 18 de julho de 2011

POR UMA PEDAGOGIA DA INCLUSÃO: CONCEITOS SÃO RE-SIGNIFICADOS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR


Silvânia Lúcia de Araújo Silva 


(Professora do Departamento de Educação da UERN/CAJIM.  Licenciada em Letras e Pedagogia, é Mestre em Literatura e Interculturalidade pela Universidade Estadual da Paraíba e Especialista nas áreas de Língua, Linguagem e Ensino e Tecnologia Educacional pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é membro da Comissão Permanente de Pesquisa da UERN e Coordenadora do CEFEPI (Curso de Especialização na Formação do Educador em Práticas Interdisciplinares)

A sociedade pós-moderna tem arcado com a responsabilidade de gerir saberes e competências que venham efetivamente disponibilizar o conhecimento necessário para as pessoas em tempos de globalização. Mas, que tipo de professor tem sido formado para atender as novas demandas que interpenetram na educação contemporânea?

Ao longo da História da Educação, observamos que o número de tendências pedagógicas tem se expandido grandemente. São pedagogias e pedagogias que se constroem e se corporificam paralelamente ao que se impõe nos currículos dos cursos de formação para professores.

Fundamentando tais perspectivas, até a década de 80, reflexões teóricas, conceituais e propositivas continuavam crescendo no âmbito da educação. Todavia, esse crescimento acontecia sem conexão alguma com as ações cotidianas desenvolvidas nas instituições, nos espaços em que os processos aconteciam e, portanto, não havia relações entre tais práticas e os estudos que avançavam, pois, estavam desligadas, não se percebia interesse em seu estudo, em sua análise ou estabelecimento das relações aí interpostas: teoria e prática.

Desde a década de 90, entretanto, firmou-se na área educacional a tendência de focalizar os processos práticos e seus contextos, de examinar as referências bibliográficas, de buscar, utilizando-se de vários caminhos, a efetivação de processos que visassem a melhoria do desempenho dos profissionais da educação. Esta foi uma década que testemunhou várias mudanças na educação e serviu como divisor de águas para tendências, metodologias, práticas e, consequentemente, a construção de várias pedagogias: da afetividade, da autonomia, do oprimido, da esperança, das relações, etc. Enfim, pedagogias que sempre tinham/têm como foco uma possibilidade de mudança em determinado campo da educação.

Todos os profissionais da área que se preocupam com o ato do “educar” concordam que o fomento de novas práticas relacionadas com a teoria que se é desenvolvida é o ponto de partida para se chegar às transformações esperadas. Somos testemunhas de mudanças que em outros momentos jamais imaginaríamos ser possível. Hoje, na verdade, o momento histórico vivenciado caracteriza-se pela incessante busca e renovação do saber-fazer educativo: quanto mais compreendemos a prática como o caminho que se percorre na teoria, e vice-versa, mais somos conduzidos a um processo de qualidade junto aos nossos alunos.

Neste discurso, interpenetra-se a necessidade de uma educação que se construa como prática da inclusão, que se queira re-significada e venha atender às práticas formativas e pedagógicas dos professores. É nesse movimento reflexivo – da prática inclusiva à formação docente – que pretendemos inserir o presente texto, apoiando-o em conceitos e propostas que o pensamento pedagógico vem construindo para a escola, o ensino, a formação de professores, contrapondo-as às tradicionais práticas formativas. Procuramos refleti-las com base na demanda mundial globalizada que se insere em todos os âmbitos sociais contemporâneos, em especial o educacional: os espaços e seus entornos estão cada vez mais universais, o mundo apresenta uma realidade única, o que pressupõe uma prática global que tenha em seu cerne a diversidade.

As transformações são vertiginosas, marcadas pelo processo sem precedentes da internacionalização da economia. Tais transformações nos conduzem às novas exigências, as quais se impõem ao ser humano face às mudanças epistemológicas, sociais e tecnológicas que se produzem. A educação, entendida como prática social, estrutura-se sobre sua própria base histórica, embora não deixe de ser motivada por outras questões: politicas e econômicas. É na consideração desses fatores que buscamos pensar uma Pedagogia da Inclusão, que se caracteriza como uma prática de novos significados, novos conceitos, uma prática que precisa ser pensada já na formação do profissional em educação.
   
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

DIÁLOGOS ENTRE A PEDAGOGIA FREIREANA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: EM BUSCA DO SUJEITO SOCIAL

Silvânia Lúcia de Araújo Silva

(Professora do Departamento de Educação da UERN/CAJIM.  Licenciada em Letras e Pedagogia, é Mestre em Literatura e Interculturalidade pela Universidade Estadual da Paraíba e Especialista nas áreas de Língua, Linguagem e Ensino e Tecnologia Educacional pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é membro da Comissão Permanente de Pesquisa da UERN e Coordenadora do CEFEPI (Curso de Especialização na Formação do Educador em Práticas Interdisciplinares)


O movimento de inclusão tem se espalhado pela sociedade e, por extensão, pela educação brasileira caracterizado por certo “ar de luta” em busca de melhores condições de vida para todos os sujeitos, como garantia do exercício da cidadania. Todavia, dentre as diferentes leituras possíveis atualmente sobre o tema, percebe-se visivelmente um quê de banalização nos discursos políticos, nos programas de lazer, de saúde, nos ambientes empresariais. Para esses, a prática inclusiva tornou-se lugar-comum. Até nas escolas, podemos vislumbrar interpretações que transcendem o caráter inclusivo, uma vez que “alguns professores têm deixado de preocupar-se com os nomes dos alunos, quem são, como vivem, o que querem, que interesses e necessidades têm, para apenas nomeá-los: estes são alunos da inclusão” (SANTOS, 2010, p.52). 

Sendo esta uma luta que envolve a todos, ressaltamos que aqui no Brasil a coisa se complica na medida em que as desigualdades sociais são classificadas como uma das maiores do mundo. Para se ter uma ideia precisa desta realidade em nosso país, basta afirmar que a exclusão socioeconômica não é possibilidade, é fato, e exemplo disso é o índice de analfabetismo do povo brasileiro que se aproxima de quase 12%, fração de um total que atinge 190 milhões de habitantes. São milhões de brasileiros excluídos de um direito básico, que lhes é negado: o acesso à educação e ao saber ler e escrever – garantia do exercício ao direito da cidadania.

Vivemos tempos em que o termo cidadania apresenta um conceito de caráter histórico, processual e atemporal. O que nos permite entender que seu significado sofre sentido de variação no tempo e no espaço ao longo de seu desenvolvimento nas sociedades. Tal fato se dá tanto em relação a uma abertura maior ou menor do estatuto de cidadão para sua população, ao grau de participação política de diferentes grupos, quanto aos direitos sociais, à proteção social oferecida pelos Estados aos que dela necessitam (PINSK, e PINSK, 2003, pp.09-10).

Quando falamos de grupos ou movimentos sociais que “lutam” por uma educação que atinja a maioria, ressaltamos o professor Paulo Freire que, ao longo de sua vida, assim como muitos brasileiros, lutou para a construção do sujeito social – o “ser social” –, aquele sujeito que se permite ser construído na intersecção do “ser humano” e do “ser cidadão”, tendo por base o projeto de uma educação intercultural, que respeita as culturas e suas diversidades, que não as subtraem ou fracionam, mas as aglutinam, multiplicam.

O projeto de uma educação intercultural, que contempla todas as formas de inclusão social, conduz-nos à própria história da cidadania, a qual se instaura a partir dos processos de lutas que culminaram, por exemplo, na Declaração dos Direitos Humanos, dos Estados Unidos da América do Norte, e na Revolução Francesa. Ambos os eventos serviram para romper o princípio de legitimidade vigente até então, baseado nos deveres dos súditos, e passaram a estruturá-lo a partir dos direitos do cidadão. A partir daí, todos os tipos de luta foram travados para que se ampliasse o conceito e a prática de cidadania e o mundo ocidental o estendesse para mulheres, crianças, minorias nacionais, étnicas, sexuais, etárias. Assim, é possível afirmar que, na sua concepção mais ampla, cidadania é a expressão concreta do exercício da soberania popular, ou seja, da democracia (PINSKY e PINSKY, 2003, p.10).  

A necessidade de compartilhar as questões que envolvem o tema aqui em estudo, levou-nos a construir um texto que se quer reflexivo e pragmático. Baseados nisso, iniciamos nossas reflexões fazendo uma incursão sobre o conceito de identidade cultural, sobre a constituição do sujeito da inclusão, ideias que vamos encontrar amplamente na pedagogia freireana, como reflexo das relações entre educador e educando e na prática da educação inclusiva.   


Paulo Freire e uma nova forma de educar: Opressão X Libertação

Na década de 70, após conviver com as condições de exclusão social das populações mais carentes da região Nordeste, cuja grande injustiça girava em torno do analfabetismo, Paulo Freire propôs uma nova forma de alfabetizar, pela qual ao mesmo tempo em que se aprendia a ler e a escrever também se aprendia a “leitura de mundo”, conhecendo a realidade e as condições de opressão vividas para, contra elas, lutar. Sua percepção de educador preocupado com o educando, levou-o a se preocupar com o homem/educando, o que o conduziu para o combate ao analfabetismo e para a extensão das oportunidades de instrução sob a forma de práticas educativas urgentes e necessárias. De cunho extremamente político e conscientizador, o movimento educacional proposto por Freire nasceu em meio a repressões e fortes perseguições. 

Opressão e libertação. Estes pólos gêmeos que se impõem à existência social, para Baumann (2005, p.13), se distintos, auxiliam na investigação das ambivalências que impregnam o tema da identidade. E ambos os pólos constituem marcas precípuas da pedagogia freireana na busca de definir uma identidade cultural para o indivíduo social: opressão (analfabetismo, exclusão, subjugação) e libertação (alteridade, cidadania, inclusão). Opressão, do capitalismo abrangente; libertação, através da educação popular.

A efetivação dessa educação como uma das expressões da cultura popular, abrindo espaço para a organização e a conscientização dos trabalhadores enquanto classe social, constitui a meta maior a ser atingida. A escolarização é sentida como necessária, enquanto oportunizadora das condições intelectuais que iriam proporcionar maior esclarecimento dos trabalhadores – cidadãos em função de um engajamento na transformação social (VALE, 2001, p.27).

Através de seu trabalho no Nordeste brasileiro, ao longo do processo alfabetizador, descortinava-se aos poucos o desenvolvimento da consciência de homens e mulheres para se tornarem sujeitos, isto é, cidadãos de direito. “O acesso aos mecanismos da leitura e da escrita oportunizaria a ampliação dos horizontes políticos das classes populares e contribuiria para que elas conquistassem um poder que as fizesse livres” (VALE, 2001, p.27).

Assim, a proposta educativa do professor Paulo Freire, moldada nesses princípios, deveria “ser corajosa, propondo ao povo a reflexão sobre si mesmo, sobre seu tempo, sobre suas responsabilidades, sobre seu papel no novo clima cultural da época de transição” (FREIRE, 1992, p.59). Seu método para alfabetizar adultos representava o canal que viabilizaria a transposição do homem de objeto da história para sujeito ativo da história.

A proposta de alfabetização girava em torno de um método abrangente, pelo qual a palavra ajuda o homem a tornar-se homem e, neste espaço singular, a linguagem passa a ser cultura. É neste sentido que interpretamos a pedagogia de Paulo Freire como uma prática educativa que se manifesta através de “um grito com densidade cultural”, onde a som de destaque, na multidão de vozes que povoam a sociedade, é a voz de uma população “oprimida”. É uma voz que se levanta como crítica e denúncia diante da cultura de massa, imposta pela inflexibilidade de uma sociedade exclusivista. Para os indivíduos oprimidos, o grito é um clamor, é também, ao mesmo tempo, um grito de liberdade, de libertação. “Mais do que isso, é um grito com densidade cultural; uma manifestação que consegue traduzir e denunciar as insuficiências e as contradições específicas em que vivem os povos oprimidos” (ROSSI, 2002. p. 38).

Para Freire (2005, p.59), “os oprimidos, nos vários momentos de sua libertação, precisam reconhecer-se como homens, na sua vocação antológica e histórica de ‘ser mais’”, e neste direito, a reflexão e ação são oponentes, na medida em que não se pretende, erroneamente, dicotomizar o conteúdo da forma histórica de ser do homem. Na busca de uma pedagogia que liberta o homem da opressão, o professor ressaltava:

Ao defendermos um permanente esforço de reflexão dos oprimidos sobre suas condições concretas, não estamos pretendendo um jogo divertido em nível puramente intelectual. Estamos convencidos, pelo contrário, de que a reflexão, se realmente reflexão, conduz à prática (FREIRE, 2005, p.59).

Historicamente, toda luta pela humanização, pela superação da dicotomia opressor- oprimidos, respalda-se pela necessidade de que o homem, neste embate, convença-se que essa luta exige esforço, compromisso, uma vez que a partir do momento em que a aceitam, sua responsabilidade é significativa. É uma luta que exige, portanto, o movimento inclusivo. A inclusão constitui um movimento social, que vem atender e incluir socialmente todos os cidadãos, proporcionando direitos iguais para todos. Na escola, esse processo representa uma mudança na estrutura organizacional, e essas modificações, a nosso ver, surgiram para dar uma melhorada no sistema educacional brasileiro. O tema está em voga e tê-lo no discurso pressupõe quebra de paradigmas e rompimentos de fronteiras.
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segunda-feira, 4 de julho de 2011

GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO POPULAR E INTERCULTURALIDADE - GEPEPI


A discussão em torno da Educação Popular, fundamentada através da obra de Paulo Freire, não é algo novo ou de pouca reflexão nos últimos cinquenta anos. Genericamente, os estudos e registros teóricos sobre os movimentos populares representam alta conotação produtiva para a pesquisa educacional brasileira, dada às características que norteiam sua responsabilidade social. São estudos de grande relevância no âmbito da Educação Popular.
O Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Popular e Interculturalidade – GEPEPI – busca desenvolver processos investigativos nos contextos educacionais populares, objetivando promover um espaço de pesquisa, diálogo e ação no CAJIM a fim de gerar uma análise conjuntural da educação popular, enquanto projeto intercultural, a partir das histórias e das memórias vivenciadas no campo e em comunidades rurais, tendo por eixos temáticos a cultura, a educação e a saúde popular, bem como as políticas de gestão pública. Tal possibilidade aponta sua criação como ponto relevante para o avanço dos estudos e pesquisas em Educação no CAJIM e para o próprio desenvolvimento da Educação na região, uma vez que se localiza no entorno onde se desenvolveu a primeira experiência do Método Paulo Freire.
Há que se destacar o nome do grupo ao somarmos as expressões “educação popular” e “interculturalidade”, na perspectiva de visão conceitual dos fenômenos sociais, pois, o conceito de interculturalidade tem forte relação com o de educação, já que ambos assumem uma necessidade e exigência da sociedade atual. Identidade, homegeneidade e diversidade são os eixos definidores da interculturalidade, que tem na educação e suas instituições e agentes os meios de desenvolvimento. A cidadania global, a educação e a sociedade em fusão, são os valores transversais da interculturalidade social do mundo de hoje, que se pretende integradora, equitativa, justa, responsável e solidária, de modo a manter as diferenças sem subalternizações nem sobreposições e intolerâncias.

A TODOS OS LEITORES UM ABRAÇO DE BOAS VINDAS. 
O GEPEPI